como tudo começou – Cadu
Vim morar na ilha após uma série de coincidências que começaram no momento que decidi largar minha vida estável e entediante em São Paulo. Dando uma super resumida nessa história:
Uma viagem ao interior da Bahia acabou me levando a largar de vez o trabalho e me aventurar num mochilão de alguns meses pela Europa. Novos horizontes, novos amigos e um encontro inesperado.
Era meu último dia de viagem. Dia de aprontar as malas e explorar um pouco mais a linda Lisboa. Na saída do hostel conheço o Sr. Antônio, um velho lobo do mar, campeão de regatas e skipper experiente, que me contou um monte de coisas sobre o viver no mar e o viver do mar. Faça o que gosta que nunca mais vai ter que trabalhar, disse me ele. E aquilo fez todo o sentido pra mim.
Será que dá pra reinventar a vida? Viver fazendo o que gosta? Nunca parar de aprender? Me senti privilegiado por ter de novo questionamentos tão claros sobre o que querer para o futuro.
De volta ao Brasil abro minha caixa de emails certa manhã e encontro uma mensagem mai ou menos assim:
“Volte pra Itália daqui algum tempo, Carlos. Se lembra daquela nossa conversa? Estamos descolando um barco e vamos precisar de um capitão! Silvia e Ingrid”
Duas amigas meio malucas se lembraram de mim para um verão no mar e esse é o tipo de convite que, naturalmente, levo muito a sério.
Foi o bastante. Mais uma sincronicidade? Seria aquilo um sinal? Algo em mim germinou de novo. Acho que tantos sonhos de viver simples e em conexão com a natureza, reprimidos pela normose do “tem que fazer,tem que ser, tem que ganhar” voltaram a ter voz. E aprender a velejar passou rapidamente a ser uma das prioridades da minha lista das próximas coisas a realizar.
Tempos – e outras coincidências depois – cá estava eu na capital da vela. Mal cheguei e já conheci as pessoas especiais que fizeram toda a diferença: Karine e Fernando, Giba, Carolzinha, Zé Paulo, Cezinha, Eloísa, Arturo, Bruno e Clauberto da BL3, Tatá e tantos outros.
O Ideafix surgiu na minha primeira semana na ilha. Vi o barco, falei com uns amigos, medi o risco e o benefício e acabei usando umas economias pra dar um primeiro grande passo. Sem habilitação de arrais, sem curso de vela, sem experiência mas cheio de vontade de aprender tudo sobre vela, navegação, meteorologia e sobre como viver a bordo.
Quase 3 anos se passaram desde minha chegada. Ilhabela foi o laboratório perfeito para realizar muitas das coisas que sonhei. Dizem que as coisas acontecem no tempo certo e a prova disso é que no final do ano passado várias outras “coincidências” aconteceram para que a idéia de um barco-coletivo tomasse corpo e fôlego (conforme bem contado no post da Tatá). Se os caras da AWSC ja socializaram seus veleiros há anos e os anarquistas espanhóis estavam prestes a fazer o mesmo em Barcelona, então por que não inventar algo assim aqui em casa? Abro mão do meu barco para que seja nosso barco. Temos as pessoas, o ideal, a vontade e um veleirinho ilhabelense com sede de ver novos horizontes.
O projeto Horizonte Nômade é sobre isso. Realizar sonhos, aprender coletivamente, suprir a lacuna deixada pela elitização (verdadeira ou imaginária?) do meio náutico na ilha. É sobre plantar sementes e inspirar outras pessoas para que se empoderem dos recursos disponíveis para sair – com conhecimento e consciência – ao mar. É sobre conexão com a natureza e a realidade do 2 + 2 = 5. É sobre alimentar os sonhos de soltar as amarras e velejar mundo afora.
Querer é poder e sabemos disso. Sonho que se sonha junto é realidade! Vem com a gente!